Um fio de esperança
sangrei pelos olhos meus
e manchei de vermelho o meu rosto.
perdi o rumo, o prumo, perdi o gosto,
já não existe fé em deus.
eu, carcomido pelo entorpecente,
maltrapilho, um velho ainda moço.
fingindo viver, achando ainda ser gente,
lançado, alquebrado, no fundo do poço.
ainda grogue, pude observar
ao meu lado, pendurado, um fio de esperança.
com o que me restava de força, pude levantar
e abracei aquele fio, como quem abraça uma criança.
resgatei, ali, naquele sublime instante,
o que havia perdido nas batalhas da vida.
minha autoestima, minha alegria galante.
resgatei também, minha poesia, minha melodia preferida.
hoje, o meu sorriso transborda flores.
dos meus olhos, só o brilho da castiça felicidade.
livre das mazelas e de suas dores,
entrego-me e deleito-me com a dignidade.