Migalhas
Passa o cão esfomeado
Latindo de lado olhando
Trémulo desconfiado.
Vai de olhos acenando
Às ervas, aos passantes
Aos caixotes circundantes
E a todos se queixando.
Passa um puto a seu lado
Rosto sujo e desgrenhado
Uma côdea numa mão
Noutra mão o coração.
Sentaram-se os dois no chão
Companheiros da escassez
Logo surgiu outro cão
E a côdea se fez em três.
E o mundo passou ao lado
Ávido e desconfiado…