Badalada da Meia Noite 2.0

Era uma mistura de Cinderela

mas sem o conto de fada

com detalhes da história da Bela

onde pelas feras era usada

A badalada da meia noite

anunciava seu sofrimento

era hora de ir pro açoite

pro seu filho ter alimento

Vestia cansada, um fino casaco

mantendo na face, um olhar opaco

com um falso sorriso estampado no rosto

vivendo noites mais eternas que agosto

Andando pelas ruas durante a madrugada

retocando a maquiagem que ficava borrada

procurando uma alma pra satisfazer em cada esquina

se alimentando da ilusão oferecida pela cocaína

De carro em carro

de motel em motel

de cigarro em cigarro

tentando pagar o aluguel

Feita produto de um sistema desigual

refém da sua cruel condição social

não tem fada madrinha pra livrar ela desse mal

o príncipe ta pagando foda com o sapato de cristal

Todas as vezes que a badalada começa tocar

escorrem rios de lágrimas em seu olhar

todas as vezes que a badalada começa tocar

animais apáticos pagam pra lhe estuprar

-Republicação de uma versão amadurecida.

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 05/08/2020
Reeditado em 07/08/2020
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