São João da minha infância...
São João da minha infância...
São João; - eu menino lá na fazenda do fundão.
Tinha sanfona e arrasta-pé, tinha morenas do grotão.
Milho verde assado na fogueira,
Mandioca no borraio, batata, e também pinhão!
Era festança a noite toda,
Fogueira acesa e muita animação.
Lá nos meus onze anos, eu já oiava,
P’ras menina, com o oiá muito pidão.
Parecia inté jacaré,
De ôio na presa, e com má intenção.
São João de antigamente;
num esqueço mais não!
Ali, eu já me assanhava,
C’as mocinha; - que parecia inté gavião.
Hoje me dá inté sodade,
Daqueles tempo bão!
Fecho os ôio, vejo tudo de novo,
Sai água dos ôio, de montão.
Passô o tempo, ficô só lembrança,
De eu menino, e as noite de São João...
Lembrança do pai e da mãe,
Da minha infância e das cabocrinha,
Dos arraiá lá na roça,
E daqueles tempo bão!
Das morena faceira,
Da sanfona preguiçosa e brejeira.
Das cantiga em vorta da fogueira,
Que ficô só na rescordação!
Sodade do cachorro Camurim.
Latindo, c’a queima dos rojão.
Parece inté que inda hoje, revivo de novo,
Tudo aquilo, Lááááá na fazenda do fundão!
Texto protegido pela lei 9.610/1998. Registro no E D A, RJ.
Campo Grande MS – 27/06/2020. Arnaldo Leodegário Pereira.