A FEIRA CENTRAL

Um cantador é cantado por pé quebrado

As galinhas vendem uma fofoqueira

Os feijões elogiam um magro engasgado

O cavalo explora sua cavaleira

As carnes não sentem o cheiro do imundo

As ferramentas consertam o aproveitador

As verduras alimentam seus defuntos

Os bombons e pipocas alegram um palhaço de dor

O botequim conversa tudo com a cachaça

E os cavalos pesam a luta que há na fome

Carrinhos-de-mão carregam a vida e a desgraça

Doces e queijos mostram as moscas do descuido

No fim da feira, só os restos dos sem-nome

Frutas podres são apertadas pelos anjos do juízo!

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 30/05/2020
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