Bois gente
Um dia estava sentado na calçada em frente a casa de minha mãe e vi um caminhão boiadeiro cheio de gente. O tal fazendeiro, ao invés de comprar um ônibus para trazer os seus, enche o tal "bus de boiadeiro" com seus "bois gente". Isso até parece com a maneira como Paulo Honório (personagem de SÃO BERNARDO) tratar seus empregados:
Senhores, eu vi!!!
uma boiada diferente,
não eram bois e sim gente
voltando para a fazenda
fazendo o papel de boi.
Não sei quem foi o maldito
que fez infâmia tremenda.
Pelo menos uma coisa é certa,
alguém de índole "esperta",
lota um bus de boiadeiro
de honrados brasileiros
que querem ganhar o pão
só tem por carro o chão:
sujeitam-se, chacoalham-se
parece que o fígado vai saltar pela boca
a voz fica rouca de tanta poeira,
compram o boião e voltam.
A consciência foi embora,
mas na hora certa
essa gente esperta
pagará a conta
pela a afronta que fazem.
Onde anda a justiça?
Será que a preguiça
fez com que a cegueira desta
seja comprada por uma festa?
Será que em pleno século vinte e um
vamos continuar sendo mais um,
deste mundo cheio de ciência
mas que faz perder a paciência
dos mais indoutos?
Este texto está inserido no livro ETNIAS OLVIDADAS sob o ISBN nº 85-98598-20-8