Curumim
Um dia estava em uma feira aqui de nossa cidade. Estava comendo um pastel. Vi ao longe o que parecia um indiozinho se aproximando de onde eu estava. Quando chegou perto de mim, notei que era uma indiazinha, com o cabelo bem curtinho e vestindo roupas masculinas (com certeza porque não tinha roupas femininas), notei também que já havia recibido um "não" quanto ao que pedia. Chegou a mim e disse: "- Me dá real!" Veja o que ela queria.
- Me dá real!!! Diz a cunhataí.
- O quê???
- Prá comprá pastel pá mim!!!
O real é triste
para quem subsiste apenas,
depende do outro Real para sobreviver,
às vezes vegetar, não crescer.
Quanto antagonismo!!!
Quanto egoismo, egocentrismo!!!
Cair na real não faz mal,
mas tem gente,
de vida decente,
que "brinca de faz de conta"
e assiste Pocahontas,
que norte-americaniza nossos índios
e economiza em suas emoções
trancam seus corações,
esquecem que têm alma
e depois perdem a calma
com os curumins a dizerem:
- Tem Real pra mim???!!!
OBS.: Este texto está no livro ETNIAS OLVIDADAS sob o ISBN n° 85-98598-20-8