A MARMITA

Olha a marmita do canto

Olha a companheira do herói do anonimato

Olha a vassala do rei sem prestígio, nem coroa

Olha a testemunha de uma luta indígena e incessante

Olha amiga do homem sem nome, sem classe...

Do homem de braços apenas

Olha a marmita do canto

Olha o refúgio da humilhação e do cansaço

Olha o momento de glória do mulato guerreiro

Abastecido com a pressa do mundo...

De um mundo sem preces

De um mundo de Posses e preços apenas

Olha a marmita do canto

Não verás apenas um símbolo do esquecimento,

Mas o presente inegável!

Olha o tijolo subindo...

Olha o sonho desmoronando...

Olha a mãe do caviar

E dos jantares de mil e tantos dólares

Olha a marmita do canto

Olha a intimidade com a pele parda

E os dialetos discriminados

Olha a massa mexendo a massa...

Olha o teu bolso transbordando...

Olha os finais de semana sendo vendidos

Olha a cidade de ser expandido...

Olha a marmita do canto

Falo isso porque sei que não olhas

Porque sei que preferes limitar-se a enxergar

O teu prato cheio e a tua mesa regalada

Preferes vedar os olhos

Pelo benefício sujo do teu farto trocado

Prefere fingir que não existe a marmita do canto

E pensar que o teu reinado tão poderoso

É tão débil a ponto de depender dela...

Vitalmente!

Da time da marmita

Da marmita encolhida

Da marmita do canto.

(Claudiomar) 23/12/2007

Claudiomar
Enviado por Claudiomar em 25/10/2019
Reeditado em 25/10/2019
Código do texto: T6778893
Classificação de conteúdo: seguro