Akin Mandou Avisar

Makori descansa o chapéu sobre o sol

Faz-se penumbra o sopro noite

Akya trança o céu em nobre farol

Refaz e deslumbra o corpo açoite

A reza nasce da calmaria noturna

Enquanto os dialetos se calam para o agogô

À pressa varre a sombria fortuna

Cantos abertos se falam e afastam o horror

Vestiram-se da savana há tempo de nascer

Nas veias do embondeiro ardente

Despiram-se na entranha do vento crescer

Nas teias do canteiro semente

Carregam no manto o preto

Que sustenta na zebra o branco

Regam suor no mato seco

Que acalenta a bezerra o pranto

Não há de haver crime maior

Que arrancar da terra a nativa raiz

Causar-lhe diáspora pior

E dela se nomear colono juiz

Europeu sendo bom cidadão

Quer fazer do negro escravo

Com apoio real e cristão

Transformar humano em centavo

Soca o pilão, mulher Dandara

Tira daí a força que lhe arranca a amarra

Toca o tambor, Akin em dormência

Que toda essa dor será resistência

E os que nascerem dela

Junto e nela farão presença

Carregarão nas costas

Os espíritos ancestrais

Sobreviverão nas encostas

Dos abrigos que criais

Se toda injustiça nasce da corrente

Para cada opressão tenhamos:

Marielle, presente!

Moa, presente!

Priscila Anine
Enviado por Priscila Anine em 03/07/2019
Reeditado em 03/07/2019
Código do texto: T6687445
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.