Akin Mandou Avisar
Makori descansa o chapéu sobre o sol
Faz-se penumbra o sopro noite
Akya trança o céu em nobre farol
Refaz e deslumbra o corpo açoite
A reza nasce da calmaria noturna
Enquanto os dialetos se calam para o agogô
À pressa varre a sombria fortuna
Cantos abertos se falam e afastam o horror
Vestiram-se da savana há tempo de nascer
Nas veias do embondeiro ardente
Despiram-se na entranha do vento crescer
Nas teias do canteiro semente
Carregam no manto o preto
Que sustenta na zebra o branco
Regam suor no mato seco
Que acalenta a bezerra o pranto
Não há de haver crime maior
Que arrancar da terra a nativa raiz
Causar-lhe diáspora pior
E dela se nomear colono juiz
Europeu sendo bom cidadão
Quer fazer do negro escravo
Com apoio real e cristão
Transformar humano em centavo
Soca o pilão, mulher Dandara
Tira daí a força que lhe arranca a amarra
Toca o tambor, Akin em dormência
Que toda essa dor será resistência
E os que nascerem dela
Junto e nela farão presença
Carregarão nas costas
Os espíritos ancestrais
Sobreviverão nas encostas
Dos abrigos que criais
Se toda injustiça nasce da corrente
Para cada opressão tenhamos:
Marielle, presente!
Moa, presente!