Sociedade Veloz
Veloz, sociedade veloz
Julga pela aparência
Agrada pela recompensa
Escarnece o contato
E idolatra a distância
Cortam as asas das crianças
E as transformam em anjos caídos
Preparados para fuzilar com olhares
Ou abraçar com projéteis
Veloz, sociedade algoz
Incendeiam a história
Acumulam fartura
E o irmão ao lado
Definha de fome e frio
Sem ter um amanhã para olhar
E chamar de futuro
E a única coisa concreta que tem
É o chão no qual dorme
Veloz, sociedade hostil
Onde telas de dispositivos
E algoritmos
Ditam quem somos e como agirmos
Onde conceitos são formados
Com curtidas e comentários
Prende ao jugo de enxergar
O que há em latitudes longínquas
Sem ao menos olharmos pros lados
Veloz, sociedade vil
Entregue aos pecados que comete
Ceifam vidas em nome da ira
Caem na doce ilusão da luxúria
Desfazem os laços pelo orgulho
Semeiam o joio da inveja
Cessam os recursos por ganância
E sentem preguiça de sentirem algo
Parecido com esperança
Veloz? Lenta sociedade
Que em tempos de exclusão
Infla o peito e afirma:
"Vivemos a era da informação"
Quem me dera ser desinformado...
Talvez não fosse tão amargo
Prum garoto da minha idade
Porém, a palavra
É o grande poder
E a luta
É a grande responsabilidade