Areia do Rio
Havia preás no tempo da areia lavada
Que o Velho retirava do rio de águas acinzentadas
Que impediam a nossa travessia à margem da grama
Do modo que se afundava a cada dia
O Velho brigava com o rio no quotidiano
E somente o tempo conseguia a trégua
Enviando a chuva e a noite para cessar
As mãos que arrastavam a pá de grãos
Era o pão de cada dia a ser retirado
Para alimentar um punhado de crias
Que vivia no barraco ao lado
Enfincado no barro do topo do morro
E o bairro se expandia à custa do Velho
Suas casas erguidas pela riqueza da arte,
A areia garimpada pela força dos braços
E secada pelo coração da natureza