O Velódromo e o Hospital da Posse
Um presente sagrado, o grande elefante branco
a vir do norte da Europa, de impecável cuidado
Sua textura é conservada em baixa temperatura,
de orçamento surreal em torno de milhões de reais
Do outro lado há um elefante negro nascido nos braços do povo
que tomou posse, o de mais socorrista da baixada
O animal profano é desprezado pelos seus adestradores
que somente o mantém vivo e é lotado de descasos dos casos
O Elefante negro necessita de ajuda, suas orelhas não abanam mais
para sinalizarem o pedido de socorro ignorado pelos anciões
Sua penugem fede a sangue pisado e está empoeirada
e seu estado é tão precário quão a cela das prisões
O elefante branco não pede socorro
Mas solitário, ele permanece intacto
refrigerado pelos cofres licitados
dos caçadores de marfins
Sua tromba não emite sons, não há comunicação
Seu olfato é capaz de sentir à distância, sem abraços, a multidão
O elefante negro pede socorro, lotado, ele padece aos poucos.
O calor aquece todo o seu organismo a fazer mal resultados
Sua aparência é de morte, diagnosticada como falência completa dos órgãos
É vital o findar do elefante branco e a vida do elefante negro