Dona Limpinha
Ela mora nas calçadas
Sem teto, sem documento
Lava seus trapos com esmero
E deixa secando ao vento
Ninguém sabe de onde veio
Mas sabem que tem família
Que abandonou a pobre
Só por ter esta mania
De limpar tudo que vê
Dia e noite, noite e dia
Não sei de onde ela tira
Água, sabão e vontade
Pra lavar os seus pertences
Com tanta assiduidade
É simpática e faladeira
Conversa com seus botões
Relata experiências
Canta versos e canções
Acampada junto aos muros
Quando chove, ela some
Vai se abrigar do mau tempo
E matar a sua fome
Todos da rua torcem
Para que um dia, os seus
Resgatem Dona Limpinha
Que também é filha de Deus