Socorro
Eu não queria escrever mas escrevi
Porque um barulho me incomodou.
Logo o pardo céu se tingiu de anil
Mas, infelizmente, alguém nem notou.
Avenidas quietas estavam fingindo,
Mas em qualquer esquina havia inimigo.
Cães ladravam e seus donos dormindo,
Não captavam a energia do perigo.
Enquanto escrevo vejo um disco voador,
Perdido nesse espaço , sem ter direção.
Então, o dia nasce bem no intenso calor,
E ruas tremem com o grito da população.
Não assisto mais as novelas da televisão,
Bastam as cores opacas da vida real.
Miséria, fome, violência medo e corrupção
Vendem mais do que poesia, afinal.
Alguém, porém, teima em plantar uma flor
No formigueiro de pouca solidariedade.
Mas o jornal só mostra o filme de terror,
Produzido nos vários cantos da cidade.
Dei de cara com alguém revirando o lixo,
Pensei se não há uma praia diferente.
Um lugar habitado por pessoas e bicho,
Mas que ninguém tenha medo de gente.
Liberdade,liberdade, liberdade!
Solidariedade ,solidariedade!
Fraternidade,fraternidade
Caridade, caridade!
IGUALDADE!