Cabeleira - Homenagem a Guto
Mais que um estilo negado,
Ele é cotidianamente desfigurado
Por um padrão que não o encaixa.
Às vezes o patrão faz-se de rogado
E inventa não estar alinhado
A sua cabeleira e ele não cortava.
O chamado cabelo a dar com pau
E por causa do tal quererão dar-lhe porrada,
Pois o misto: pele preta, cabelo crespo, é fatal
E de maneira imoral, reduz-se o ser a nada.
Mais que a representação da cor e poder,
Na verdade está posto o próprio ser
Que se encontra naquele emaranhado.
É o conceito antecipado que busca ofender,
Degradar, que intenta fazer florescer
Erva daninha e eternizar o Cristo discriminado.
Não há de ser ou ele, ou seu cabelo.
Eles são um, únicos, único, perfeito
E resistir é evitar o absurdo.
Tantos bilhões de pessoas no planeta inteiro,
Tantos milhões de quilômetros no mesmo
E o seu cabelo não cabe no mundo.