PERDI-ME NA VIELA...

PERDI-ME NA VIELA...

Perdi-me na viela mais escura

Duma cidade em sonhos visitada

Ali onde a tristeza e a amargura

Em pobres corações fazem morada

E vi o fundo olhar que se incendeia

Esse que na carência mostra ódios

Alguém que por tão pouco ali esfaqueia

E dá de duras cenas episódios!

Confesso que tremi de tanto medo

A grosseria... os sem educação...

Depois eu acordei daquele enredo

Para outro mundo... a Civilização

Olhei o homem nobre a quem foi dado

Um berço bem mais rico de ouro ou prata

Colégios... boas regras... educado...

Mas vejo-o fazer guerra e também mata

Os olhos bem mais doces é verdade

Percebe muito mais de hipocrisia

E vive nos chalés da tal cidade

Sem nunca o comover a periferia

Não lhe entra frio na porta ou na parede

A mesa às refeições é bem mais farta

Ouve falar da fome... até da sede

Embora do que tem pouco reparta

Mas há em várias coisas semelhança

Na zona nobre ou na viela escura:

Há sempre algum sorriso de criança

Ligado a um olhar cheio de ternura

Seria a da viela um grande homem

Se algum apoio houvesse e condições

Um repartir melhor desses que comem

E esbanjam em supérfluas situações

Ah, quanto tempo levará ainda

Para mudar as coisas na verdade!

Até que a viela venha a ser tão linda

Como outro qualquer ponto da cidade!

Joaquim Sustelo

(editado em COMO UM RIO)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 21/06/2007
Código do texto: T535963