Monumentos
Olhem para aqueles monumentos abstratos nas calçadas,
São de cimento armado estruturados por veias de aço,
Suas veias são corroídas por pedras,
Eles são reciclados por restos de alimentos,
Se chegares perto ouvirás a mecânica dentro deles
Fazendo esse processo em ritmo sincopado,
São mal projetados e atrapalham os pedestres,
Estão sempre cobertos por um tecido grotesco
Para não serem danificados pela geada da madrugada,
A umidade no tecido junto a pedra exala um odor
Que intensifica junto aos restos de comida,
Mas ninguém ousa em tocar ou lavar,
Isso é serviço da polícia que está sempre os mudando de lugar,
Eles são inadequados para os museus
Apesar de terem grande carga histórica,
São objetos que atrapalham o cotidiano
Dos humanos lúcidos e decentes
Que estão preocupados com a vida,
Com o futuro do planeta, questões ambientais,
Direitos, carreira, educação, progresso...sim o progresso da humanidade.
Há muita pressa em resolver tais questões
Enquanto os monumentos atrapalham os pedestres trabalhadores,
Há muita pressa também em realizar sonhos
Para tornar a vida melhor,
Não temos tempo a perder com esses monumentos
Que estão nas calçadas exilados pela vida
Por um dia terem sonhado em ser gente,
Estamos com muita pressa!