Monumentos

Olhem para aqueles monumentos abstratos nas calçadas,

São de cimento armado estruturados por veias de aço,

Suas veias são corroídas por pedras,

Eles são reciclados por restos de alimentos,

Se chegares perto ouvirás a mecânica dentro deles

Fazendo esse processo em ritmo sincopado,

São mal projetados e atrapalham os pedestres,

Estão sempre cobertos por um tecido grotesco

Para não serem danificados pela geada da madrugada,

A umidade no tecido junto a pedra exala um odor

Que intensifica junto aos restos de comida,

Mas ninguém ousa em tocar ou lavar,

Isso é serviço da polícia que está sempre os mudando de lugar,

Eles são inadequados para os museus

Apesar de terem grande carga histórica,

São objetos que atrapalham o cotidiano

Dos humanos lúcidos e decentes

Que estão preocupados com a vida,

Com o futuro do planeta, questões ambientais,

Direitos, carreira, educação, progresso...sim o progresso da humanidade.

Há muita pressa em resolver tais questões

Enquanto os monumentos atrapalham os pedestres trabalhadores,

Há muita pressa também em realizar sonhos

Para tornar a vida melhor,

Não temos tempo a perder com esses monumentos

Que estão nas calçadas exilados pela vida

Por um dia terem sonhado em ser gente,

Estamos com muita pressa!

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 27/07/2015
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T5325586
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