ALAF não grita ... ALAF só Fala.
Matraca só para quando fica parada,
criança só cala com o bico na boca.
A maré silencia o brado do mar,
pois a altura da voz não acaba a escuridão.
O barulho do dia morre sempre à noite,
se gritasse muito, teria rouquidão.
O artista é aquele que busca o alto mar,
querendo se encontrar nas ondas profundas,
mas se contenta com a voz da maresia,
de milhares de gritos e barulhos por nada,
no raso da existência transformado em poesia.
Pintar ou escrever, saber representar,
são expressões que se instalam, sem burocracia.
O grito das horas, sempre impertinente,
sustenta um silêncio mortal combatente.
Quem faz da sua arte um rio corrente,
não grita, não ralha, segue consciente,
como aquele médico que acalma o paciente.
É um trote a cavalo, em cima da armadura,
que faz o barulho, com sua ferradura,
pulando obstáculos por sobre a cultura.
Mas Deus não deixou que falasse o quadrúpede,
para que o seu coice fosse a sua voz.
Mas aquele artista feito um sol nascente,
corre no seu leito, por sobre a sua vida.
Vai saber se chega ao fim com a sua arte,
levando muito a sério a transformação,
um cavalo não faz, por isso fica mudo,
e o artista feliz, chega à sua foz.
Por isso, gritar não é a prática do artista,
e a sua Academia é o degrau da escada.
Nem sempre quem grita é quem vai ter razão.
Às vezes é a arte silenciosa que dá a imaginação,
supera expectativas por longa jornada.
A ALAF sabendo dessa ordem cultural,
age consciente e aos artistas apoia na praça,
por isso a ALAF não grita e nem faz arruaça,
daqui pra lá, ou de lá para cá,
a ALAF não grita, a ALAF só fala.
Obs: ALAF é: Academia de Letras e Artes de Fortaleza.