Sertão do Agreste
Meu sertão, meu mundo agreste,
Esquecido recanto do Brasil,
Sob um lido céu cor de anil,
Telhado da dor, do sofrimento,
Onde, a seca assola e não cansa,
Tentando matar a esperança,
Dos sonhos pequenos do sertanejo,
Um povo patriota, simples, sofrido,
Dos deuses, também esquecido,
Do seu clamor, do seu desejo.
Olho para o céu, um Sol ardente,
Na caatinga, o mato seco queimado,
Nem mais o seriema cantando,
Apenas, o lamento e gemidos,
Sem o alcance aos nobres ouvidos
Dos magistrais da nação,
Voando sobre nós, sem olharem o chão,
Berço da miséria, aos desenganos;
Crianças morrendo antes dos cincos anos,
Onde, há tanta água debaixo do chão.
Miséria humilha, muda caminhos...
Por enquanto, a fé nos engana,
Junto as vis promessas mui sacanas,
Que o povo, nem mais crer nem ouve;
Sem regar querem colher bons frutos?
Vida faminta, faz guerra, embrutece,
Perde o pudor, o amor esquece,
Não teme as regras, destrói o muro;
Vida é para todos, repartam pão!
Trabalho, saúde, educação,
Fecham os cárceres no país do futuro.