Vidas esquecidas

E o nome era esse, era aquele, era outro

Caminhava, um caminho insano, meio torto

Buscava um tecido de linho, mas estava roto

Queria o novo, o único, mas já estava pronto

Assim sentou no meio fio, chorou, prosseguiu

Guardou os sonhos no bolso, pra ninguém ver

Encontrou umas moedas, juntou, comprou pão

Na verdade ilusão que precisava para sobreviver

Sentou outra vez, sob o céu azul de fevereiro

Comeu vagarosamente, cuidando das migalhas

Pão seco o engasgou, bebericou suas lágrimas

Perdeu a fala, e num papel compôs as rimas

Era só mais um nome, João, José ou Paulo

Poderia ser Maria, Laura ou quem sabe Saulo

Só mais uma história, sem nome, e sem face

Passando sem graça, mas sem nenhum disfarce...