O muro do caminho
No meio da estrada tinha um muro,
mas ele sempre esteve naquele lugar.
Quem será que o colocou ali no caminho,
ou cresceu sozinho para ninguém passar?
Só sei que o muro é pedra de azar.
No meio da estrada tem sempre algum muro.
Muro do atraso, beco sem saída, corpo sem vida.
Pedra de tropeço, sem fim e sem começo,
Vira do avesso qualquer vida esculpida.
Só sei que o muro é obstáculo da vida.
Naquele caminho tem aquele muro,
com um significado tão insignificante.
Alto e onipotente, quer mandar na gente,
ou é pedra no saco de qualquer errante.
Só sei que o muro é um perigo constante.
O muro parece um pedaço de mim,
que em Berlim caiu ao silêncio dos gritos.
Do lado de lá não sei o que vai ter,
e ao quebrar sempre vai gerar atritos.
Só sei que o muro é gerador de conflitos.
Para cada um, o muro é de um tamanho,
mas pra quem tem fé, a altura não existe.
Queremos vê-lo no chão, como tantos outros,
pois com a nossa força, o amor persiste.
Só sei que o muro é de quem é triste.
Se você também tem muros pela frente,
saiba que nunca será um estranho no ninho.
Sempre haverá amigos no meio da estrada,
como alguns restos de tocos durante o caminho.
Só sei que o muro não vai cair sozinho.
Quando esse muro plúmbeo você ultrapassar,
verá novos céus em tintas azuis no firmamento.
Pegue então uma caneta e escreva o que verá,
em saltitantes letras aladas pelo pensamento.
Só sei que o muro vai cair a qualquer momento.
A censura de se expressar é esse grande muro,
elogiada pelos comunistas em seus devaneios finais,
que ainda tentam botar no mundo esse obstáculo,
mas esquecem que o povo acordou e não aceite mais.
Só sei que o muro caiu, mas cuidado com os loucos atuais.