Hediondo - Indefesos
e mais um cidadão desce a ladeira
segue sossegado para seu trabalho
de ônibus lotado vai até uma feira
prepara sua banca pra vender alho
espera ganhar o sustento do seu lá
medita na família enquanto atende
passa o seu dia nessa lida de acolá
cai a noite quando uma luz acende
a escuridão indica a hora de voltar
recolhe aqui os seus bens na caixa
corre para o ponto pensando jantar
em pé alheio viaja de cabeça baixa
chegando na parada perto da praça
desembarca aquele sujeito exausto
a caminho de casa junto a gentaça
vira a esquina esse inocente fausto
mais um metro apenas para chegar
mas um flash antecipa no estrondo
o fim da história como num apagar
dorme assim a cidade do hediondo
De
Marcondes Schifter
Poeta