Hediondo - Indefesos

e mais um cidadão desce a ladeira

segue sossegado para seu trabalho

de ônibus lotado vai até uma feira

prepara sua banca pra vender alho

espera ganhar o sustento do seu lá

medita na família enquanto atende

passa o seu dia nessa lida de acolá

cai a noite quando uma luz acende

a escuridão indica a hora de voltar

recolhe aqui os seus bens na caixa

corre para o ponto pensando jantar

em pé alheio viaja de cabeça baixa

chegando na parada perto da praça

desembarca aquele sujeito exausto

a caminho de casa junto a gentaça

vira a esquina esse inocente fausto

mais um metro apenas para chegar

mas um flash antecipa no estrondo

o fim da história como num apagar

dorme assim a cidade do hediondo

De

Marcondes Schifter

Poeta

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 17/10/2014
Reeditado em 19/10/2014
Código do texto: T5001902
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