A lavoura da vida
Em versos e prosas a vida é uma lavoura,
Que conta jornadas, trabalho e proezas.
Capítulos da história que passa nas lentes,
Dos olhos do tempo, em rios correntes.
É a sorte ou a sina, quando o ano termina,
São pétalas do outono jogadas ao chão.
Servem para contar sempre o ocaso dos dias,
a tristeza ou o recomeço de novas alegrias.
Somos agricultores cultivando as horas,
Plantando ou colhendo coisas sem valor.
Se o egoísmo sobe, a produção desce,
E colhemos um fruto que o tempo envelhece.
Muito além do horizonte está a filosofia,
Que transforma homem num ser mais rebelde,
Que às vezes singrando em mares de agonia,
Quer sempre aportar em feliz calmaria.
Quem planta aragem, colhe boa brisa;
Quem planta a humildade, colhe a paz;
Quem planta ventania, colhe tempestade;
Quem planta o amor, colhe a felicidade.
A vida é um rio que irriga a terra fértil,
Fazendo do leito o seu próprio caminho,
Se o agricultor for bastante vaidoso,
Nunca vai colher o tempo do relógio tinhoso.
Portanto caro amigo das horas incertas,
O que é mais certo é esquecer as quimeras.
Plantando boa semente na terra prometida,
E colher o fruto que será a luz da nossa vida.