A Menina do Sinal

Quem a viu passar sorridente por entre os carros a pedir um trocado,

Não percebeu naquele corpo de pés e mãos calejados.

O sofrimento de uma vida vazia;

De desencontros e desenganos.

Das portas que se fecharam,

Dos rostos que lhe condenaram.

Dos infinitos “não” que recebeu,

Das oportunidades que perdeu.

Das vezes que foi enganada,

E de como foi maltratada.

A mesma mão que acena calorosamente,

É a que congela nas noites frias da sarjeta.

Os olhos raros que suplicam ajuda e que derramam prantos de dor,

São eles que agora rogam do próximo um bocado de amor.

Ela tem o sofrimento no rosto,

O coração ferido e a alma mutilada.

Mas se mantém viva e ainda assim é feliz;

Porque nela ainda há esperança!

Anne Monteiro
Enviado por Anne Monteiro em 18/05/2007
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T491804
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