A Menina do Sinal
Quem a viu passar sorridente por entre os carros a pedir um trocado,
Não percebeu naquele corpo de pés e mãos calejados.
O sofrimento de uma vida vazia;
De desencontros e desenganos.
Das portas que se fecharam,
Dos rostos que lhe condenaram.
Dos infinitos “não” que recebeu,
Das oportunidades que perdeu.
Das vezes que foi enganada,
E de como foi maltratada.
A mesma mão que acena calorosamente,
É a que congela nas noites frias da sarjeta.
Os olhos raros que suplicam ajuda e que derramam prantos de dor,
São eles que agora rogam do próximo um bocado de amor.
Ela tem o sofrimento no rosto,
O coração ferido e a alma mutilada.
Mas se mantém viva e ainda assim é feliz;
Porque nela ainda há esperança!