Perco-me em meio a multidão,
Entro em becos, ruas sem saídas, avenidas;
Desvio de carros, ouço barulho de trens, de turbinas de aviões, o sussurrar da gente,
Crianças sendo levadas pelas mães, mendigos, bandidos, pombos nas praças, casais namorando, ladrões roubando bolsas,
Ando nas ruas sozinho para encontrar-me comigo mesmo;
Não me encontro, sigo sozinho,
A divagar em pensamentos,
É bom caminhar por entre a multidão,
Sou alguém em meio a tantos outros;
Tantos eu, tantos nós, tantos vós, tantos...
Que tantos são e tornam-se muitos - a multidão,
Anônimos e apressados, como quem vai para ninguém sabe aonde;
Pessoas sérias, compenetradas, tristes, atrasadas, apressadas,
a carregar em si o peso e a leveza de ser alguém em meio a tantos... cada um com sua história, seus sonhos, seus dramas, suas fantasias e receios,
A velhinha a andar arrastado como se desafiasse a pressa e o tempo, os jovens com pressa de engolir o tempo;
Ah como andar por entre as pessoas nos faz de nós tantos ....
Tantos somos que somos um ....