LOBO EM PELE DE CORDEIRO

Fala pra mim sobre o projeto,

Mas projeta-me inimigo.

Fala pra mim de respeito e dignidade,

Mas tem agido de maneira desonrosa.

Fala pra mim sobre trapaça, mas age antes do "período"

Como se fosse o "período"

.

Fala pra mim que não suporta puxa sacos,

Mas á oportunidade toma o lugar deles.

Fala pra mim do significado de amizade,

Mas bastou um segundo de divergência para com atos,

Quase desejar a minha morte.

Fala pra mim que todos são suficientes e não devemos julga-los mal,

Mas de fantoche fui alcunhado.

Fala pra mim por meio de pequenos presentes,

Mas hoje apenas com o olhar, deixa claro que tudo aquilo não passava

De um momento de precisão.

Fala pra mim da valoração pouco significativa, quando se referi as minorias

Mas libera flatulências desrespeitosas em minha presença como quem diz: “Você para mim é um peido”.

Fala bem da minha inteligência, do quanto sou intelectual,

mas precisa de mim manipulado por você.

Ardiloso

(Sua raiva e decepção é não aceitar um humilde intelectual liberto do padrão classista que tanto legitima).

Fala pra mim que é horrível usar as pessoas, mas seu olhar elitista

Não aceita que eu esteja a sua “altura”.

Fala pra mim do belo negro, mas não me aceita reverberante nas passarelas

Das salas de aula, nos auditórios e corredores desta instituição.

Fala pra mim da cegueira, mas mesmo assim digo FODA-SE.

Hoje entendo que o tanto falado, não passava de falas de um dominador

Vestido em pele de cordeiro, ou melhor, em pele de dominado.

Marco Peixoto
Enviado por Marco Peixoto em 08/04/2014
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