Anomalia

um clarão risca a escuridão da cidade que dorme

segue o estrondo do trovão que abala a fria noite

no céu estrelas negam a autoria do som uniforme

e mais uma rua testemunha a ocorrência do açoite

a lua cheia de presenciar a ignorância descabida

revela nas trevas sombrias da urbe a sua mancha

nessa via tingida pela obra do descaso outra vida

desce a avenida anunciada pela luz de uma caixa

num lance imprevisto o segundo determina a valia

o pequeno ato involuntário leva na passagem a lida

de um dia que achou no pôr do sol o fim duma folia

de forma inesperada um zumbido rasga sua medida

a lua cheia de presenciar a ignorância descabida

revela nas trevas sombrias da urbe a sua mancha

nessa via tingida pela obra do descaso outra vida

desce a avenida anunciada pela luz de uma caixa

passada a anomalia que infligiu o despertar precoce

transeuntes alheios caminham numa calçada de fado

o vácuo que ficou foi ouvido no eco que sai da prece

essa imagem desenhada no chão vai achar o passado

De

Marcondes Schifter

Poeta

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 25/11/2013
Reeditado em 06/10/2022
Código do texto: T4585629
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