Anomalia
um clarão risca a escuridão da cidade que dorme
segue o estrondo do trovão que abala a fria noite
no céu estrelas negam a autoria do som uniforme
e mais uma rua testemunha a ocorrência do açoite
a lua cheia de presenciar a ignorância descabida
revela nas trevas sombrias da urbe a sua mancha
nessa via tingida pela obra do descaso outra vida
desce a avenida anunciada pela luz de uma caixa
num lance imprevisto o segundo determina a valia
o pequeno ato involuntário leva na passagem a lida
de um dia que achou no pôr do sol o fim duma folia
de forma inesperada um zumbido rasga sua medida
a lua cheia de presenciar a ignorância descabida
revela nas trevas sombrias da urbe a sua mancha
nessa via tingida pela obra do descaso outra vida
desce a avenida anunciada pela luz de uma caixa
passada a anomalia que infligiu o despertar precoce
transeuntes alheios caminham numa calçada de fado
o vácuo que ficou foi ouvido no eco que sai da prece
essa imagem desenhada no chão vai achar o passado
De
Marcondes Schifter
Poeta