Imagem do Google



 
HOSANA
 

Virou militante esquerdista,
no Movimento Estudantil.
Será que pela mão trotskista
ou pelo PC do Brasil?

 
Largou seu lar, no Piauí,
e pôs os pés em Fortaleza,
soltando a franga¹, por aqui,
com muitos ares de princesa.
 

Um dia, Gil deu com Hosana
na Praça José de Alencar
e ganhou seu fim de semana,
pois perdeu de ir namorar.
 

Pardavasca, linda no trato,
Hosana retratou-se inteira:
falou do sedutor ingrato,
a denotar ruim canseira.
 

E contou que cursava História,
ao largar da Universidade,
mas tudo por razão inglória
– a fome..., essa improbidade.
 

Haverá cunhã² como aquela?
Uma realeza, sem coroa,
e fina, mesmo não tão bela,
um doce fino de pessoa.
 

Gentil, um papo magistral,
a moça fluía bastante
conhecimento, tal e tal
era o seu saber de um vivente.
 

Após o amor, Gil foi deixá-la
onde às noites fazia ponto,
não tocando em vinténs; a boa
sobre a paga foi dele, e pronto.
 

Um mês, depois, buscou Hosana:
“– Agora está no Barba Azul³”.
Foi lá. Que frustração insana!
“– Foi pro Rio, embora pro Sul”.

 

Fort., 05/10/2013.
 

- - - - - -
(¹) Soltar a franga - Divertir-se à vontade; levar
uma vida libertina.
(²) Cunhã - Bras., N. e CE, PI. Mulher; cabocla
jovem, namoradeira e sensual.
(³) Barba Azul - Antigo cabaré, ponto de
mulheres no centro de Fortaleza.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 05/10/2013
Reeditado em 05/10/2013
Código do texto: T4512238
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.