Ruas do Conformismo
Quando passei nas ruas do conformismo, vi absurdos residentes em vielas e esquinas. Nos sinais, meninos tentando equilibrar sua existência com três pinos ou bolas, aonde o sinal verde representa o fim.
Também havia meninas ofertando sua juventude em troca de pouco, ou quase nada. Uma juventude alienada, programada pra dizer "sim".
Um pouco adiante se encontravam muitas vidas desperdiçadas: homens, mulheres, novos e idosos, jogados nas calçadas, suplicando pra existir, mendigando pra suplicar.
Na mesma rua, uma multidão apressada, conectada, fingia distração ou atravessava a rua pra não ter que tropeçar, se incomodar, ajudar...
Nas lixeiras abarrotadas, havia vida e alimento e, ao seu lado, gritos de socorro e de fome; muitos pedidos de atenção, explícitos em olhares desfalecidos.
A violência era vizinha e companheira de todos. Não andava escondida, nem sequer disfarçava. Ali era sua casa; seus domínios estavam estabelecidos.
Homens engravatados, com microfones nas mãos, passavam por estas ruas em carros de luxo, mas sempre na contramão. Não sei se eram religiosos, empresários, políticos ou gente de pose. Mas, quem quer que fosse, nem tinha tempo de olhar.