Sina de um favelado
Moro pendurado na favela
Eu, uma renca de filhos e ela.
Barracão defronte a ruela
Pintado como aquarela.
Sentado em minha cela
Mato meu tempo à janela.
A vista é deveras bela
Realidade nem minha nem dela.
Vida boa seria aquela
Velejar num barco a vela.
Desfilar pela passarela.
Mas isso é apenas uma tela
No beco uma cadela
A um cachorro se atrela.
Numa mistura de costela
Enchendo de filhotes a magrela.
Na televisão rola a novela
Pipoca transborda a tigela.
A caçula aperta a Fivela
De uma bota velha amarela.
Sinto um aperto na goela
Jantar, pão com mortadela.
Escuto um bater de Cancela
Alguém dispara pela viela.
Kennedy Pimenta
Moro pendurado na favela
Eu, uma renca de filhos e ela.
Barracão defronte a ruela
Pintado como aquarela.
Sentado em minha cela
Mato meu tempo à janela.
A vista é deveras bela
Realidade nem minha nem dela.
Vida boa seria aquela
Velejar num barco a vela.
Desfilar pela passarela.
Mas isso é apenas uma tela
No beco uma cadela
A um cachorro se atrela.
Numa mistura de costela
Enchendo de filhotes a magrela.
Na televisão rola a novela
Pipoca transborda a tigela.
A caçula aperta a Fivela
De uma bota velha amarela.
Sinto um aperto na goela
Jantar, pão com mortadela.
Escuto um bater de Cancela
Alguém dispara pela viela.
Kennedy Pimenta