E agora?

Quando o sol se põe,

a vida fica latente como semente,

renova-se quando o embrião se abre,

em miríades de cores,

e devasta os olhos e os corações,

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Pena que tudo pode cair abatido

frente à insensibilidade dos homens.

Muitos de nós aprendemos a amar desde cedo,

muitos, porém, são violentados pela falta de oportunidades.

E agora?

Que será feito das flores nos jardins?

e do mato escondido, virgem ainda, sem conhecer os pés dos seus futuros algozes?

A capoeira, herdeira de atrocidades crônicas, mal se equilibrando sobre seus galhos secos e retorcidos,

onde está o diferencial humano frente aos outros reinos da natureza?

e a harmonia pregada nos palanques, que não passam de hipocrisias perenes?

Ah!

A fraternidade existe, mas onde está?

O planeta grita seu dilema,

e os corações empedernidos e materializados,

perdem-se na ideia do progresso incessante,

Produzir! Produzir! Produzir!

Consumir! Consumir! Consumir!

E agora?

Unir fraternidade e vida no planeta,

é expressar o desejo, ter atitude,

a direção diferente,

o paradigma sustentável,

o pensamento coletivo,

sair do próprio umbigo,

vivenciar a solidariedade,

descobrir novos rumos para a vida,

sentir-se bem com sua consciência,

dentro de um pensamento humanista.

O ser gregário que somos,

nós humanos,

deve se estender para tudo no mundo.

Os bichos, as plantas, as pedras são nossos irmãos e nosso compromisso,

nossos filhos, nossos netos e bisnetos serão o efeito das nossas ações de hoje.

Amá-los desde já é o amor mais elevado,

o amor que já é antes de ser!

Ainda bem que existe o amor,

ainda que seja, muitas vezes, como aquela mesma semente latente,

Existe sim!

Mas, e agora?

Como semeá-la? Onde? Quando?

Já sabemos de tudo o que precisa,

só nos falta a atitude do amor de fato!

E agora?