Guerra Santa
Peleja de
cruzes
e baionetas
couro estriado na
lâmina da caatinga
curtido entre crâneos
que fazem estrada
num feudo de urubus
empanzinados
em tripas de soldados
o velho e sua barba estavam mortos
estirados a poucos palmos de profundidade
no gosto de enxofre e pólvora
(a fé estava morta, crucificada em tiros de canhão, afogado o sertão no mar de sangue dos que não se perdem)
a vergonha estertorava
numa ponta de facão e
Malaquias galopava doido,
cinzindo pedras a punhal;
outros homens
desenganavam a fome
com lascas de répteis
enquanto enlabaravam-se
os casebres na
agonia da tarde
quem não pedia
a morte
desenganou
a estrada, qu’inda
seguia, chegou
o tempo
do
fim
- publicada em LINGUAJÁ, O TERRITÓRIO INIMIGO -
Peleja de
cruzes
e baionetas
couro estriado na
lâmina da caatinga
curtido entre crâneos
que fazem estrada
num feudo de urubus
empanzinados
em tripas de soldados
o velho e sua barba estavam mortos
estirados a poucos palmos de profundidade
no gosto de enxofre e pólvora
(a fé estava morta, crucificada em tiros de canhão, afogado o sertão no mar de sangue dos que não se perdem)
a vergonha estertorava
numa ponta de facão e
Malaquias galopava doido,
cinzindo pedras a punhal;
outros homens
desenganavam a fome
com lascas de répteis
enquanto enlabaravam-se
os casebres na
agonia da tarde
quem não pedia
a morte
desenganou
a estrada, qu’inda
seguia, chegou
o tempo
do
fim
- publicada em LINGUAJÁ, O TERRITÓRIO INIMIGO -