DEFICIENTES

DEFICIENTES

Eu vejo, com os sentidos que me cegam

Fagulhas hipócritas dos deficientes que se negam.

Àqueles que fingem dormir para não ceder o seu lugar

É fadado a viver na sua existência vulgar,...

E que na prioridade de sempre necessitar ser o primeiro

Seu coxo cérebro mata-lhe com neurônios em espinheiro.

Eu vejo calçadas sem calçamento, tão pouca acessibilidade

Projetos que estão em lançamento são vácuos de incapacidade...

Não precisávamos de leis, mas sim de humanidade.

Eu vejo meus irmãos tortos caminharem entre os vivos mortos

Uma legião de inteligências que desprezam suas deficiências

Jovens sãos, entretanto andam maconhados por todos os vãos.

Eu vejo meus amigos deficientes físicos serem invisíveis

Eu vejo pessoas “normais” serem insensíveis!

Eu acordo todos os dias na esperança que a realidade mudou

Mas quão é tão pretensioso meu “eu” que ainda não acordou.

Enquanto os automóveis são o luxo que mata

As cadeiras de rodas são feridas em exposição.

Àquele que rasteja sacudindo moedas numa lata

Talvez não busque a fortuna, mas sim atenção,...

Atenção essa que deve vir com amor! Do fundo do coração.

Envergonho-me de ser “normal”, pois sou deficiente

Não faço coisas que eles fazem,... Pacientemente

E não reclamam da vida, estão sempre sorridentes,...

Tenho muito que aprender com quem é mais humano que eu.

Nossa mioleira está em constante paralisia cerebral

E há uma fadiga de razões à luz de um preconceito intelectual

Esquece-se que a terra ornar-te-á, e,... Nada mais será seu.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 07/07/2012
Reeditado em 21/07/2012
Código do texto: T3765960
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