O VERBO

“Quod non mortalia pectora coges, auri sacra fames!”

Virgílio (Eneida, 3. 56-57)*

Esfera azul, jóia imensa,

solitária Terra-Mar,

até quando irás girar?

Um verme voraz te permeia

e a febre que desencadeia

está por te devorar.

Circula nas veias do homem,

mina-lhe os campos da paz.

O verbo vil da avareza

cria esse verme voraz.

Quem poderá salvar-nos

desse mal que nos infesta?

Ah, ânsia de ter e mais ter -

febre funesta -

que apenas no homem

se manifesta!...

(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)

(* Execrável fome de ouro, a que desgraças conduzes os peitos mortais!)