The Yellow Submarine Navigates The Sea Of Blood

Elles têm sangue nos bolsos

Elles têm sangue nas contas

Elles têm sangue nos dentes

Elles têm sangue nas armas

Elles têm sangue nas ruas

Elles têm sangue nas calças

Elles têm sangue nas praias

Elles têm sangue nos bancos

Elles têm sangue nos carmas

Elles têm sangue nos hospitais

Nas escolas, coretos e praças

Elles têm sangue nos sorrisos

Elles têm sangue nos carros

Elles têm sangue nos ritos

Nas salas, nos congressos, nas

Rádios. O sangue espuma das

Garrafas e latas de cervejas e

Refrigerantes recém-abertas

Elles têm sangue nas alianças

Nas juras e promessas. Elles

Têm sangue nos atos secretos

Nos guarda-chuvas, no comércio

Elles têm sangue nos desfiles de

Moda, nas canções de rodas

Nas câmaras de gás, nos chás

Das cinco nos chuveiros nos

Bueiros e duchas coletivas.

Nos coletivos e metrôs de

Auschwitz Birkenau e Dachau.

Elles têm sangue dos doentes

Presentes nas casas de saúde

Nos hospitais. Elles têm sangue

Das crianças e adolescentes

Traídos pela educação e cultura

Nas salas de aulas. Elles têm

Sangue no vagido e choro dos

Recém-nascidos no troca-troca

De bobagens pelos celulares.

Elles têm sangue nos shoppings

Nas igrejas na ficção virtual do

Sofá e de sua real idade. Elles

Têm sangue na ciência e artes

Dos prestidigitadores docentes

Das academias da vã vaidade.

Elles têm sangue nas guitarras

Elétricas, nas baterias e sons

Nas turbinas das aeronaves.

Elles têm sangue prisioneiro

Atrás das grades. Elles têm

Sangue nas chuteiras dos

Gramados. Nos salários e

Times adversários. Elles têm

Sangue de gentes nos ringues

Submarinos, nos mares. Elles

Têm sangue nas olimpíadas

Nas piadas sem nenhuma

Mínima graça de personagens

Que parecem saídos, hóspedes

Das necrópoles das cidades.

Elles têm sangue no ventre

Das mães solteiras e em suas

Artes pias de parir cada oração

Temente de cada intenção

Transparente no sacrilégio

Resplandecente tipo “World

Trade Center”. Elles têm

Sangue nos gramados dos

Campeonatos. Nas pias

Aonde lavam as mãos sujas

Da justiça de Pilatos. Em

Cada ação pré-histórica

Da cultura e da civilização

Desses Homo hominídeo

E suas singular idades.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 10/05/2012
Reeditado em 11/05/2012
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