E por lembrar-me de Camões

Lianor ia pr’a fonte,

levava na cabeça o pote.

Chirlêi anda por aí:

nas fábricas,

nos roçados,

nas estradas,

em barracas

e sob o teto das pontes.

Enfim, Chirlêi anda por aí,

leva um filho em tabernáculo,

no corpo.

Lianor, que tivesse tento,

na cabeça e coração,

na beleza e no gingado,

mulher em moldura de cinta

de fino escarlate.

Não viesse a quebrar-se o pote,

e a água escorrer por aí,

vida esvaída...

Chirlêi, que se há de dizer a Chirlêi?

A bolsa há de romper-se,

e a vida anunciar-se.

Não venha, por nossa falta de tento,

a vida a perder-se por aí,

em tanto desamparo.

Maria Felomena Souza Espíndola

IMariazinha
Enviado por IMariazinha em 06/04/2012
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