E por lembrar-me de Camões
Lianor ia pr’a fonte,
levava na cabeça o pote.
Chirlêi anda por aí:
nas fábricas,
nos roçados,
nas estradas,
em barracas
e sob o teto das pontes.
Enfim, Chirlêi anda por aí,
leva um filho em tabernáculo,
no corpo.
Lianor, que tivesse tento,
na cabeça e coração,
na beleza e no gingado,
mulher em moldura de cinta
de fino escarlate.
Não viesse a quebrar-se o pote,
e a água escorrer por aí,
vida esvaída...
Chirlêi, que se há de dizer a Chirlêi?
A bolsa há de romper-se,
e a vida anunciar-se.
Não venha, por nossa falta de tento,
a vida a perder-se por aí,
em tanto desamparo.
Maria Felomena Souza Espíndola