O catador de lixo
Que tristeza
do catador de lixo.
Roupa rasgada,
pele cansada
um crucifixo.
Anemia,
sacola vazia.
Cadê a alegria?
do catador de lixo?
No lixo não há nada.
Não há nada de lixo.
Brinquedos quebrados,
desprezados
por capricho.
O que faz aí meu senhor?
Sai daí catador.
O lixo não tá na rua,
nem no cesto de fartura
do exagero humano.
A comida, o cereal,
do jantar afinal
não é lixo,
é sobra, é engano.
Agora, se quer a fartura,
o lixo real,
ouve a música atual
que encharca o ouvido.
Ouve, escuta
a mensagem artificial,
sem amor, sem sentido.
Ela pouco cantarola,
mas vai encher sua sacola,
meu nobre amigo.