Nas calçadas
Nas calçadas
Nas calçadas, quantas vidas...
Quantas histórias nas calçadas!
São da madame com seu cão,
São do gari com sua vassoura,
Com braços repletos de livros,
Anda na calçada a professora.
É também do esportista
Em seu Cooper matinal.
Bordam a calçadas os estudantes
Cheios de preguiça, sonhos e manias.
É a calçada o caminho do andarilho,
Do bêbado, do carteiro e da doméstica Maria.
É daquele que com o sol acorda
Para ir à padaria.
A calçada também pode ser lar...
É dos sem-teto, dos desafortunados,
Dos que não têm onde morar.
É dos casais apaixonados que nelas “flutuam”,
Sem sentir os seus percalços.
É do camelô barulhento e corajoso,
Nas ruas das grandes cidades,
Com toda sua parafernália.
Pode ser ponto de extermínio
Como na chacina da Candelária.
Nas esquinas, onde as calçadas se encontram,
Marcam encontros as prostitutas.
É nelas que “fazem a vida”
E nelas a vida pode ser curta.
É dos boêmios e poetas
Que para musas inspiradoras,
Arriscam-se fazer serestas.
É nas calçadas que cabisbaixos tombamos
Com aquele velho amigo
Que há tempos não encontramos.
Na calçada são jogadas,
Logo depois de uma briga
As “tralhas” do marido ou da esposa
A quem prometemos fidelidade,
Para o resto de nossas de nossas vidas.
É de todos, as calçadas,
Em seu formato elas podem variar,
Com degraus, de pedras simples,
Com piso de porcelana...
Quem foi que viu e se esqueceu
Do Calçadão de Copacabana?
São as calçadas caminhos,
Para rir ou pra chorar.
São pontos para início, fim ou recomeço.
E lugar pra protestar.
São as calçadas que nos dão,
Segurança no caminhar.
Quantas vidas e quantos caminhos,
Calçam as calçadas!
Tânia Cristina de Macêdo Costa