A prisão
O espaço vazio que me cerca
Estranhamente mostra-se opressor
Não vejo o aço frio de seus grilhões
Mas meus pulsos sangram e eu sinto muita dor.
Encontro-me em uma cela invisível
Da qual não existe meio de escapar
Vou aos lugares mais remotos, mais longínquos
E, no entanto, não consigo me esquivar.
Sou um escravo de senhores que inexistem
Mas que controlam e que dirigem os meus passos
Sinto-me livre e ao mesmo tempo encarcerado
Como soltar-me se não vejo os laços?
O que eu como, o que eu visto e o que eu ouço
Pouco ou nada dependem do meu gosto
São decisões tomadas por pessoas
Das quais eu nunca vi sequer o rosto.
Até a profissão que eu exerço
Incrivelmente não fui eu que escolhi
Desde pequeno eu venho sendo norteado
Para estar inevitavelmente aqui.
Nem se sei se meus são estes pensamentos...
Talvez, quem sabe com um mínimo de sorte
Eu possa escapar desta prisão
Ainda que seja com o auxilio da morte...