Mundo Canibal
Não sou moralista, mas insisto em expor o que me toca ao coração. Sou apenas uma mulher desejosa de contribuir com o que eu considero de máxima importância, como a sensibilização de todos para alguns valores.
Desejo muito despertar a criança que existe dentro de cada um de nós. É um esforço meu, pessoal, que me faz levar adiante a minha imensa vontade de realçar certos valores esquecidos nos dias presentes, e que me dilacera o coração, pois um desses valores se relaciona com nossas crianças.
As crianças nunca foram tão esquecidas, e isso compromete e muito a esperança num mundo melhor. A pobreza, a miséria mesmo, é um retrato tão colorido, que é impossível desviar os olhos. Mas mesmo assim muitos poucos se sensibilizam, parecem daltônicos e outros bilhões cegos, cegos que tateiam em busca de não sei o que.
Eu ainda e sempre, me choco com a degradação humana. Por mais que sejam fatos habituais, repetitivos, para mim não serão nunca próprios da condição humana.
Não sou conformista, alienada, nem mesmo desinteressada. Pois como todos eu também sou humana e faço parte de tudo o que existe no mundo. Não posso ser conivente com a ausência absurda e preocupante dos valores humanos.
A sublimidade dos meus propósitos nesta poesia que vem a seguir a esse meu texto, é tão somente uma maneira de fazer com que haja reflexão, uma reflexão séria sobre a urgente necessidade de mudança no nosso pensar, agir e atuar, pois para que os homens amem e tenham um mundo cheio de amor, é fundamental ensinar as crianças a amarem e desejarem um mundo melhor, sem tantas violências, diferenças, e egocentrismos.
Essa poesia mostra que a face da sociedade é vista pelos pequeninos no reflexo do espelho da vida.
Pessoa pequenina
flor com cheiro de canela
pele branca ou moreninha
olham tudo da janela
Vêem pessoas se matando
tropa delas amontoadas
cheirando cola e se drogando
maioria sujas e machucadas
Fome, sede e muito frio
nenhum Pai ou Mãe bondosa
esse é um dos retratos do Brasil
sem sorrisos, nem cheiro de rosa
Crianças que não sabem sorrir
que não criam esperanças
vivem um aflitivo porvir
de novas surras e cobranças
Onde estão os seus brinquedos?
suas espadas e seus gigantes?
criança quem canta o teu enrredo
não conhece teus momentos angustiantes
Que mundo é este afinal?
onde as estrelas não brilham?
será o mundo, um mundo canibal?
onde covas de indigentes se empilham?