Estola



Estola encardida, empoeirada
Envolve a criança que ao colo
Sente o aconchego da mãe
Recostada na calçada.
Olhar de descaso é o dela?
Ou será o necessário
Para a vida que lhe carrega?
Quem vê logo diz: -não trabalha!!!
Outros se afastam enojados
Outros jogam a moeda
E saem andando de lado.
O que será que nos move
A tal imobilidade?
Tantos culpados achamos
Visível contrariedade...
Governo que não tem jeito
Do presidente ao prefeito.
Sociedade tão culpada...
Já eu, não: não faço parte de nada.
E essa mulher irritante
Que tira a paz do passante,
E ainda enrola a criança
Nessa estola repugnante.
Aperto o passo, entro no shopping
Tudo pisca o natal próximo
Tanto faz aquela dona
Nem me interessa a criança
Natal é festa, é presente
Não é feito para trazer
Angústia ou tristeza a ninguém.
Natal é uma grande hora!
Disseram que se comemora
O aniversário de alguém...