A FOME DOS HOMENS
A fome circula invisível pelas ruas do centro da cidade. Passa sempre tímida e esfarrapada. De tanto amordaçarmos o olhar perdemos a capacidade de vê-la apressada e fraca cruzando a travessa do Ouvidor. Sobre ela caem os cacos de um sol estilhaçado por fumes de sombras nos meios-dias de talheres barulhentos à distância. A fome se esforça, grita, esmola, rouba, suplica e estende a mão. A fome nunca dorme e quem não dorme não acorda... porque apenas... se esforça em vão e multiforme, tentando ser observada nos reflexos lampejantes das vitrinas de dezembro