OLHOS VAZIOS
Na varanda, está um homem sentado
Com seu olhar de marionete, dominado,
Aprecia uma nuvem
Que desaparece no azul do céu.
Aos seus pés, a terra rachada
Onde brincam os seus filhos
De pés descalços e ásperos,
De olhos sombrios e inocentes,
Cabelos duros de poeira,
E risos nulos de fome,
Pedindo-lhe pão e estendendo o prato.
E o homem, de olhar esvaziado
Enterra seu chapéu no peito
"Quando Deus quiser..." murmureja.
Dias passam
Passam-se os dias...
Morrem-lhe os filhos um por um,
Ele os sepulta junto à mãe, sua mulher
Mas seus olhos esturricados e secos
Já não conseguem mais chorar...
Quem sabe Deus ajuda a brotar do chão...
Sementes voltam a nascer...
Quando o céu chorar, cair chuva no chão seco...
Quando Deus mandar a chuva cair,
Fazer florescer meu sertão!
Vitoria Moura 20/9/2010
Ma Vie