CIDADE DOS OLHOS
O olho acorda, pisca, lacrimeja, agoniza e vigia. O vigia do olho é dono de um olhar adormecido que passeia entre becos, bares e coxilhas, de frente para um outro olhar disperso que arde e que não tínhamos e hoje sei o quanto me pesa nas costas e pálpebras de sobre carregadas. O olho esgota por toda menina o luxo carmim que embriaga a retina. Nela refletem os estriões nos mios dos gatos no mais profundo escuro onde buscas o que nunca sabes dentre a fresta do muro também ruída de novos e de outros olhares. O olho esbugalha, seca, fali, inveja e denuncia. O delator do olhar morre de sede no flash, no namoro e no flerte onde tudo que o olho não vê o olhar pressente. Ah o olhar do dono do olho que é a porta por onde entra e sai o mundo e o coração nem sequer nota. E deste olhar morigerado onde cai o manto na peluge é que se deu a nudez total que tanto parece proteger o corpo nu mas não o salva. E nela tropecei indo ao chão. Tive medo no soluçar. Sufoquei o peito do dono do olho a espiar o teu, o meu e o ateu que também não conseguem chorar. E mesmo assim, oh, como são lindos esses azuis da fé a emprestarem ao mar toda a cor que não há. Ah como são belos os dias verdejantes rendilhados de arrebol. Oh essa loucura da visão me fazendo esquecer que o tempo anda veloz para em algum dia nele ( o olhar ) todo o fogo eterno da vida apagar ah...ah. o olhar.