ANIMAIS EM ENTINÇÃO
ANIMAIS EM EXTINÇÃO
Os poetas não têm sexo
Não têm cor...
Não têm religião...
Não fazem da vida um anexo...
Antídoto indolor para todo cristão.
Os poetas não têm hábitos... Têm manias
Não têm paradeiro... É de todo lugar.
Não duelam para te honrar.
Aos ignorantes não têm serventias.
Em versos cálidos
São... Solilóquios a tresnoitar.
Seu paladar tem todos os gostos
Olhos com dentes...
Faces sem rostos...
Corpos atraentes...
Sensibilidade sem debilidade...
Os sentimentos são-lhes... Doces tormentos.
É de tudo um pouco do pouco
E em sua instituição, asilam-se emoções
Cultivam flores em pedras...
Golfam águas de solos desérticos...
Não são profetas, mas, enxergam o que muitos não vêem.
Não se louvam e nem se fartam com matéria
Sua miséria é não viver a poesia
Num mundo de heresia.
Os poetas não mais existem
Mas ainda vivem... Resistem
São seres de outro plano... Pleno
Rimam versos assimétricos
Versam obras primas sem rimas.
Ébrios sem álcool...
Condenam à extinção... Toda discriminação
A forma disforme... É-lhe uniforme.
Poetas e poetisas
Aninha-se em todos os ninhos
Em ventos sem brisas
E num mar de passarinhos.
São egoístas sem egoísmos
Perfeccionistas sem egocentrismos
Rosas sem espinhos...
Pétalas sem flor...
Em todos os seus caminhos... Há amor.
CHICO DE ARRUDA.