COVARDIA

COVARDIA

O amanhecer afluiu para a face rija

Soçobrei no álcool feliz do infeliz

Mas não te despertei, vi a ferida que de ti, mija

E indaguei-me emudecido: fui eu quem te fiz?

Enclausuro-me sofrível, na semi-inapetência cerebral

Recordo sem lembrar, não acordo da vida que me mata

Preciso me insular, e soltar meu batedor dessa lata

O hiato acomete-me... A lua melada é percurso vicinal.

Aluado piso no piso rúbido... E é um rio coagulado

Que nem em minha fausta maldade teria imaginado.

Teu corpo incolor... Rígido... Que agora exala fedor...

Descobri-te, e descobri as perfurações que te abri.

Penso em me safar, matei-te foi por te amar.

A forte dor do abandono, de eu, seu dono

Posseiro de minha possessividade...

Anui-me essa agressividade...

Por não suportar de ver-te com outro, dormir seu sono

E eu insano insone, caminho sem par, isso me consome.

Lacônico vai nesse frenesi continuar a perverter

E a obter a pseudo-satisfação de mutilar

Que marido desposa uma esposa para estrangular?

Não há piedade para quem nem se pode se convencer.

Não teve nem a delicadeza de se matar

E a lei ainda te dá respaldo cautelar.

Possui residência fixa, é “réu primário”

Tem a indulgencia da família

Que vive num meio reacionário.

Possui posses... Comandante de outra família.

Não há Maria da Penha para te punir

Mas tenho a esperança, em uma vingança

... Para de este mundo te banir.

POEMA DEDICADO À MEMÓRIA DE UMA AMIGA ASSASSINADA BRUTALMENTE E IMPIEDOSAMENTE PELO MARIDO, QUE AINDA NÃO FOI PUNIDO.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 14/08/2011
Código do texto: T3159141
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