APOSENTADORIA
O melhor de mim
lhe doei.
Eu lhe presenteei
Com minha mocidade;
Com minha melhor idade;
Com meu maior tempo,
Quase puberdade até a maturidade;
Com minha virilidade;
Com minha cientificidade...
Agora dando continuidade
A mim mesmo quero despir-me
Desse excesso de responsabilidade.
Quero confortar-me de plena felicidade:
Uma xícara de café
Para restituir-me a animidade;
Um papel para eu escrever a poesia
Para recordar o ser anímico;
Uma bicicleta e uma piscina para o garoto
Que dormiu dentro de mim,
Se reavivar;
Um canto qualquer
Para o senhor que sou,
Sonhar;
Uma fantasia para o louco delirar;
Uma nostalgia para o moço em mim
Matar a saudade do que nunca mais será.
L.L. Bcena, 31/08/2010
POEMA 231 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.