O JOÃO

No lixo...

Um pedaço de pão duro,

João cheio de fome...

Mas não tinha dente.

Seus olhos estavam fitados...

Salivava como um cão,

Quase sem forças.

Remexia...

Procurava outras coisas.

Para os transeuntes...

Ele era mais um lixo na rua,

A indiferença...

Era um grito ensurdecedor.

E reprimia ainda mais o João,

Sem forças se deitou entre os urubus...

Humilhação...

Maior não tinha!

Tirania...

Tamanha.

Os urubus...

Esses faziam a vigília,

Espreitava aquela vida,

Quase pronta para devorar.

Esquecido completamente...

Fome, frio, dor...

Sem um afagar de mãos,

Sem acolhimento.

Quantos iguais ao João!

João...

Desapareceu.

Sua carne alimentou abutres,

Sua alma o céu acolheu.

NATIVA
Enviado por NATIVA em 03/05/2011
Reeditado em 03/05/2011
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