PAREM JÁ! OLHEM EM VOLTA!
 
Entranhou-se, implacável,
em mentes dum mal imundo,
uma vontade execrável
de mudar o rumo ao mundo.
 
Com o ar de quem é bravo,
Muito imbecil, sem bravura,
Vai-nos dando uma no cravo
E outra, na ferradura!
 
Uma santa ignorância,
Que grassa de lés-a-lés,
Não vê a grande importância
De abrir os olhos de vez.
 
Num complicado sistema,
Onde impera a vil ganância,
O mundo enfrenta o dilema
De acabar, sem substância.
 
E se assim fôr, à socapa,
Subentra “A Besta”, sem dó,
Que à morte também não escapa,
Mas reduz a Terra a pó.
 
Avisos de toda a ordem,
Ouço aqui, leio acolá …,
Mas p’ra pôr fim à desordem,
É preciso agir …, e já!
 
Muitos políticos – vários –
Fazem políticas porcas,
Mas fomos nós, os otários,
Que lhes abrimos as portas.

Nessa vil hipocrisia,
De discursos p'ra totós,
Esquecemos que, em teoria,
Eles não dão pontos sem nós.
 
Em pura democracia
Respeita-se toda a crença,
Ideal, demagogia,
Mesmo quando é uma doença.
  
Todos teem lugar nela,
Porque veem disfarçados
Com uma cruz na lapela
E propósitos marados.
 
Pintados em vários tons
E cheios de vis ‘senãos’,
Damos-lhes honras de bons
E de honestos cidadãos.
 
Num cretino pactuar,
Que a mim tanto já satura,
Se continua a cavar
Uma funda sepultura.
 
Parem já! Olhem em volta!
Pensem melhor, mais profundo.
Abram no sono a revolta
E mudem o rumo ao Mundo!
 
Abril de 2011
Maria Letra
Enviado por Maria Letra em 21/04/2011
Reeditado em 21/04/2011
Código do texto: T2922551