Introdução a um poema de tema delicado …, que escrevi em 1984
Gostaria de sentir que este tema já não tem razão de existir na nossa sociedade, que pertence ao passado, mesmo que recente. Mas isso não acontece. Volta meia volta, aí estou eu a refletir nesse montinho de gente medíocre, que "pretende" impôr o seu valor pelo que veste, pela maneira como fala, tipo Tia da Foz ou de Cascais, pouco importa, que vive em constante concorrência com as outras tias (ou Tios, não interessa também), que teem uma casa mais rica do que a da amiga, cujo apartamento não tem categoria para aparecer na revista Casa e Decoração ou não servirá de capa a uma revista mundana, dum show-off que faz nojo. Para esse montinho de gente, os outros são todos uma porcaria (sou educada!), ao lado deles. Talvez os outros não tenham conseguido passar da cêpa torta porque são diferentes, quem sabe?
Estou a dar demasiada importância a esse tal montinho de gente, ao escrever sôbre eles. Eu sei. Mas eu pertenço a um outro montão de gente que ainda acredita em certos valores, defendendo-os com unhas e dentes, na tentativa de tornar a vida uma realidade diferente daquela que a mente dessas pessoas criou. Eu acredito na simplicidade, na pureza de sentimentos, no sorriso duma criança, na natureza que amo e ... nos bons amigos, que me fazem companhia neste montão tão cheio de força.
Abril de 2011
GENTE BEM
O dom da palavra,
Numa palavra sem dom.
Sorrisos em linha oblíqua,
Põem os cabelos em pé,
Ao povinho já sem Zé.
Discursos, com renda e laço,
Enlaçam quem não tem rendas.
Apertam,
Torturam,
Esmagam,
Vértebras de colunas tortas,
Sem vertical,
Quase mortas.
Vénias, perfumes e palmas,
Agitam as suas almas.
Eles todos juntos,
São muitos!....
Um a um, não são ninguém,
Mas chamam-se a "Gente Bem" !?!
Fevereiro de 1984
Gostaria de sentir que este tema já não tem razão de existir na nossa sociedade, que pertence ao passado, mesmo que recente. Mas isso não acontece. Volta meia volta, aí estou eu a refletir nesse montinho de gente medíocre, que "pretende" impôr o seu valor pelo que veste, pela maneira como fala, tipo Tia da Foz ou de Cascais, pouco importa, que vive em constante concorrência com as outras tias (ou Tios, não interessa também), que teem uma casa mais rica do que a da amiga, cujo apartamento não tem categoria para aparecer na revista Casa e Decoração ou não servirá de capa a uma revista mundana, dum show-off que faz nojo. Para esse montinho de gente, os outros são todos uma porcaria (sou educada!), ao lado deles. Talvez os outros não tenham conseguido passar da cêpa torta porque são diferentes, quem sabe?
Estou a dar demasiada importância a esse tal montinho de gente, ao escrever sôbre eles. Eu sei. Mas eu pertenço a um outro montão de gente que ainda acredita em certos valores, defendendo-os com unhas e dentes, na tentativa de tornar a vida uma realidade diferente daquela que a mente dessas pessoas criou. Eu acredito na simplicidade, na pureza de sentimentos, no sorriso duma criança, na natureza que amo e ... nos bons amigos, que me fazem companhia neste montão tão cheio de força.
Abril de 2011
GENTE BEM
O dom da palavra,
Numa palavra sem dom.
Sorrisos em linha oblíqua,
Põem os cabelos em pé,
Ao povinho já sem Zé.
Discursos, com renda e laço,
Enlaçam quem não tem rendas.
Apertam,
Torturam,
Esmagam,
Vértebras de colunas tortas,
Sem vertical,
Quase mortas.
Vénias, perfumes e palmas,
Agitam as suas almas.
Eles todos juntos,
São muitos!....
Um a um, não são ninguém,
Mas chamam-se a "Gente Bem" !?!
Fevereiro de 1984